na revirada do ano pisguei-me lá prós lados da raia, em busca de paz e sossego e outros bálsamos / idanha-a-velha e monsanto / fomos lá / a primeira já conhecia / à segunda fui pela primeira vez / andei por ali tantos anos e nunca me deu para lá ir / coisas que aconatecem...
em relva pergunto a uns idosos onde se come do bom e do barato / sou prontamente informado / frente à paragem das camionetas / deixe o carro onde puder e vá a pé / há pouco espaço para carros e a pé vai-se melhor e é mais bonito / concordamos / agradecemos e subimos / a paragem das camionetas é um pequeno largo atafulhado de carros / camionetas param no meio da estrada e descarregam turistas reformados que procuram marafonas-souvenir-very tipical...
servem-me um ensopado de borrego divino e digno do local mágico em que foi feito e servido / vinha em travessa de barro / dispensei o prato e comi directo / ali a molhar o pão na molheca / um restaurante sem nada de chamativo / viesse por aqui a pidasae e não sei não / tinham os gajos à perna / vinho em jarro de barro / daquele que até arranha / e no final a última gloriosa cigarrada de sempre em restaurantes / a nova lei chegou / e vamos ser todos muito higiénicos / lavadinhos / cheiro a enrayban e mais não sei o kê / na mesa atrás de mim ouço falar em quinta da lomba e avenida da praia / pode lá ser! / barreiro rules em monsanto / subimos ao castelo para desmoer o ensopado / vamos pela via radical / a dos penedos juntos como lhe chamam / que contorna a povoação pela lado esquerdo / deu para mijar nas alturas / libertar uns peidos e queimar calorias / encontrámos um pastor de cabras natural de monsanto que se fosse mais cedo nos contaria toda a história daquele local / mas faltava cerca de uma hora para começar a escurecer / andou 30 e tal anos a fazer e a distribuir pão pelo país / dinamizador do centro cultural e do rancho folclórico da terra / conversador nato / pastor de cabras na reforma / por prazer dizia ele / porque o fazia sentir-se bem e em harmonia com o mundo / conhecedor das histórias e lendas daquele castelo encantado e daqueles rochedos que parecem na iminência de ir monte abaixo / um achado...
no alto do castelo encontramos mais gente do barreiro / a nossa dentista em passeio familiar / espanhóis muitos / mira hombre! / havia por lá uns bacanos a fazer rapel / e um grupo com um guia engraçado que ia explicando desenrascadamente a história daquilo e para que serviam as escadarias / as portas / a disposição das coisas /locais de culto / relatava as invasões dos inimigos / os meios de defesa...o tipo falava em tiros de canhão / em mouros / várias vezes ouvi-o dizer "isto chama-se...bem, não me lembro, tem um nome esquisito, pode ser que entretanto me lembre" / dizia que os caminhos para o castelo eram em zigue-zague para que o inimigo andasse às voltas e se cansasse / outro achado...
no rosmaninhal não se pode ir ao café / um gajo tá lixado / ou pira-se rapidamente ou sai de lá com a cadela / quando dá por si já tem uma mini à frente e alguém a dizer "esta pago eu" / depois pagamos nós / a seguir paga outro / e nunca mais acaba / o manico ou mané / conta-me que por ali é o único desporto com praticantes / beber até cair / novos e velhos / e pede mais 4 minis / tremoços a acompanhar / então e tu o que fazes cá? / sou pedreiro e bebo / aqui não se faz mais nada / às vezes no fim do mês arranjo boleia e vou às putas a espanha / não tenho carta de condução / nem acabei a quarta classe / este tipo tem 30 e poucos anos / acreditam? / andei à escola com o irmão dele / o tonho / beberrolas também / contou-me ainda o seu natal / na véspera de natal fomos buscar madeiros (troncos enormes) para as fogueiras de natal / uma tradição dali / levámos garrafões de vinho / viemos à tarde e descarregámos / fomos a todos os cafés cumprir a tradição em que o dono oferece bebidas a quem foi buscar madeiros / já quase à noite fui a casa descansar um bocado para estar pronto para a noitada de comes e bebes junto aos madeiros / já andava todo torto / deitei-me e acordei no dia 25 às 9 da noite / foi o meu natal / só voltei à rua no dia 26 / bebi uma mini e fui trabalhar...
fomos embora antes que / a gente já volta dissemos aos outros / só umas horas mais tarde / já de noite / é que um mané cambaleante vem a sair do café / cruza-se connosco / e naquele modo peculiar que ali têm de dizer as coisas vira-se para nós e diz :
"atão, só agora é que vindas?"
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
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